Sonhos de uma noite de Verão
Foi numa noite de Inverno que assisti a uma das melhores encenações portuguesas dos ultimos tempos: Sonho de uma noite de Verão.
A história clássica de Shakespeare já muitos conhecem, uma comédia de enganos com 3 histórias paralelas que se cruzam de forma magistral.
Teseu, Duque de Atenas, e Hipólita, Rainha das Amazonas, vão-se casar. Para animar a boda, Teseu lança um concurso de teatro, ao qual concorre um divertido grupo de artesãos, que vai para o bosque ensaiar a tragédia de Píramo e Tisbe.
Hérmia e Lisandro, dois jovens atenienses, estão apaixonados. Demétrio está apaixonado por Hérmia e conta com o apoio do pai dela, que ameaça pô-la num convento caso não queira casar. Helena, por seu lado, sofre, porque está apaixonada por Demétrio e o seu amor não é correspondido. Hérmia foge com Lisandro e Demétrio segue-os, sendo este seguido por Helena.
No bosque, Oberon, rei das fadas, quer recuperar o amor da sua rainha, Titânia, e pede a Puck que lhe arranje uma flor mágica, que ao ser esfregada nos olhos de alguém faz com que essa pessoa se apaixone pela primeira criatura que lhe surja à frente.
Estas são as 3 histórias que se cruzam, e o desenrolar das mesmas, mas a confusão e os enganos vão imperar nesta trama entre os jovens, os artesãos e as fadas que habitam o bosque mágico, numa inesquecível noite de Verão.
Mas a genialidade não se esgota na obra clássica, para mim a maior surpresa que faz com que todo o público aplauda de pé durante minutos é a encenação de Diogo Infante.
Diogo que além de excelente ator e de um diretor teatral que voltou a abrir as portas do Teatro da Trindade aos portugueses arriscou na sua encenação e decidiu adaptar esta peca com toques de modernidade e musica contemporânea portuguesa como José Cid, As doce ou até xutos e pontapés.
Que ousadia! Que ultraje! estarão os mais cépticos e retrógrados a pensar.
Pois na minha opinião é esta a forma de aproximar grandes clássicos do povo. Reinventando.
Quanto ao elenco que é composto por muitos atores e atrizes bem conhecidos da televisão vai na perfeição.
De todos, tenho que inaltecer o extraordinário trabalho do próprio Diogo Infante (nada a que não tivessemos habituados), Miguel Raposo como Oberon (para mim está a tornar-se no melhor ator desta geração) e a gigantesca revelação de Carlos Malvarez como Puck.
No final daquela noite de verão o sonho tornou-se realidade.