Sonho com o palco
Subo ao palco... Nesta altura sou um jovem fumador, noctívago, bonito, elegante, escrevi peças de teatro e vivo sem amor.
Outrora austero e convencido, de bengala impune na mão, saltava-me da boca egoismo, raiva, más palavras e traição.
Já fui também um espantalho, em busca da fama inalcançável, dramático, choroso, crítico dos portugueses e do seu sofrimento inabalável.
Visto uma pessoa enquanto sai de mim dedicação, choro, rio, odeio com e sem coração.
Nos camarins sou um jovem, um jovem lutador pelo sonho, sonho este de um dia me tornar, tornar uma estrela a brilhar.
Não sei se é em vão, só o futuro o vai ditar mas como os grandes são do povo, talvez essa tarefa possa desempenhar.
No final, enquanto Paredes nos faz sonhar, ouço aplausos pelo esforço que fiz. Talvez um dia me façam gritar - obrigado, obrigado pelo amor que senti.
Teatro nasceu em mim como se de uma semente se tratasse, cresce por aqui e que ninguém a afaste.
Contra tudo e contra todos, vou lutar até ao fim.
Se o universo é infinito porque não vai o teatro viver em mim?
Estas palavras escritas em 2002 aquando a estreia da peça a vizinha do lado são as minhas... Muitas continuo a sonhar com elas mas hoje já alcancei algumas.
Ainda hoje depois de varias peças como ator e encenadoe senti o amor do público e todos juntos cantamos no Hotel Royal:" Obrigado pelo calor ... O teatro é o nosso amor."
E se por agora descanso o corpo, a mente continua a trabalhar. O regresso por mais meses que demore ha de voltar.
Até lá... sonho com o palco.