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After Peter

Peter around the World... My life, my dreams, my favourite things

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Roteiro de Sófia, Bulgária

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Sófia, capital da bulgária é uma cidade europeia em desenvolvimento constante. Longe vai o tempo do império soviético, da pobreza e da ditadura. A cidade nos últimos anos assistiu a uma modernização invulgar e os seus preços apesar de mais baratos do que em Portugal já se distanciam de muitos países do leste da Europa. Falam nas ruas que o Euro chegará em breve e com ela possivelmente o aumento do custo de vida.

Uma capital com 140 anos, recente comparando com muitas das capitas europeias, que abriga uma história gigante desde os tempos dos romanos, mas isso ficará para outro post.

Sófia condensa numa área pequena e central uma enorme quantidade de pontos de interesse, museus, igrejas e atrações, o que a torna ideal para um fim de semana de visita.

Poderia criar um roteiro para 2 ou 3 dias, mas cada pessoa gosta sempre de adaptar os roteiros aos seus gostos pessoais. Então decidi criar 3 post, um por zona para explicar o que ver em cada uma delas. Depois é só pegar nesta informação e adaptar às suas necessidades.

Fontes Termais
Sófia é conhecida por ter muitas fontes termais, cuja água sai a uma temperatura entre os 30ºC  e os 90ºC. Segundo se diz, esta água é boa para o sistema imunitário e para os músculos. Muitos são os bulgaros que enchem os seus garrafões de 5 litros para abastecerem as suas casas.

Casa dos Banhos
Na antiga casa dos banhos nasceu o Museu da Cidade de Sófia que nos dias que correm é a coqueluche da cidade. Instalado num edificio que outrora foram as termas com arquitetura arte nova, conta a história da cidade: transportes, política, interiores, desde a fundação até ao século XX. A secção de ícones está muito bonita. Os interiores arte nova também.

Mesquita Banya Bashi
A Mesquita Banya Bashi está localizada no centro de Sófia. Construída em 1566 durante o domínio otomano da Bulgária, a mesquita foi projetada pelo mesmo arquiteto, Mimar Sinan, que construiu a famosa Mesquita Azul em Istambul. Além de contar com uma história longa e famosa, a mesquita é notável por ter sido construída no topo de um spa termal natural. Ainda hoje, é possível ver o vapor subindo pelas paredes do edifício.

Sinagoga de Sófia
A sinagoga de Sófia é a maior sinagoga sefardita da Europa, além de ser uma bela construção. Há uma pedra comemorativa na sinagoga que recorda a sua bênção em 9 de setembro de 1909, com a presença da família do Czar.O estilo da sinagoga é "romântica nacional búlgara." O projeto foi trabalho do arquiteto austríaco Grünanger. O templo é constituído por uma cúpula central, e um plano retangular. A sala de oração é octogonal, com quatro pilares separados por arcos e por um corredor central. O altar é de mármore branco, com um parapeito muito bonito. Até 1170 as pessoas podiam entrar ali. É coberto por uma cúpula octogonal com uma lanterna, a cúpula é de 20 metros de diâmetro e tem uma altura total de 31 metros. O chão da sinagoga é coberto com um mosaico policromo. Há um pequeno museu por trás da cultura e da história da comunidade judaica, em Sófia.


Catedral Sveta Nedelya
A Catedral de Sveta-Nedelya ou Santa Nedelya localizada em Sófia, capital da Bulgária, é uma das catedrais da Igreja Ortodoxa Búlgara, e que se encontra sob a autoridade direta da diocese de Sófia. Trata-se de um monumento iniciado possivelmente no século X, e que sofreu frequentes danos com o passar dos séculos, tendo sido destruída em várias ocasiões para ser reconstruída posteriormente. A entrada é totalmente gratuita e vale a pena, com os seus altares repletos de icones dourados e 2 grandes candeeiros em ouro que iluminam a sala. As paredes brilham com os seus frescos pintados. Se pretender poderás pagar uma autorização para filmar ou tirar fotografias por apenas 5 BNG.

Igreja Sveta Petka
A igreja de São Petka, patrono dos que trabalham com couro, é uma igreja ortodoxa dos tempos medievais de Sófia. Para encontrá-la, basta procurar por um sino, ou algum ponto no topo, e, uma vez localizado, meio escondido debaixo da terra você encontrará o teto. Se você considerar que no passado o nível do solo estava mais baixo, este parece ser do período das ruínas romanas. A construíram debaixo da terra de propósito, porque durante o domínio otomano dos turcos muçulmanos, a religião ortodoxa era tolerada, com a única condição de que as igrejas não ficassem a vista. A cripta da igreja foi descoberta durante escavações após a Segunda Guerra Mundial. A entrada custa 3 euros e é proibido tirar fotos lá dentro para não danificar as pinturas murais. A igreja começa a ser mencionada a partir do século XVI e foi construída no lugar de um edifício religioso dos romanos. É dedicada a São Petka, um santo búlgaro do século XI. Na Idade Média, a irmandade dos trabalhadores em couro visitavam-na para os seus rituais. Hoje é um lugar muito animado situado no meio de uma estação de metro e ruinas arqueológicas.


Catedral São José
É uma catedral católica romana em Sófia, capital da Bulgária. É a co-catedral da Diocese de Sofia e Plovdiv, juntamente com a Catedral de St Louis em Plovdiv. A catedral foi reconstruída na sus localização anterior depois de ter sido destruída pelos bombardeios aliados durante a Segunda Guerra Mundial. A sua inauguração ocorreu em 21 de maio de 2006 na presença do cardeal secretário de Estado Angelo Sodano, decano do Colégio de Cardeais da Igreja Católica Romana. A pedra fundamental da nova catedral foi colocada pessoalmente pelo papa João Paulo II durante sua visita à Bulgária em 2002. "São José" é a maior catedral católica da Bulgária, tem 350 lugares e pode acomodar até mil fiéis. A catedral tem 23 metros de comprimento, 15 metros de largura, 19 metros de altura do corpo principal do edifício, com uma altura de telhado de 23 metros e a torre está equipada com quatro sinos operados eletronicamente, com 33 metros de altura. Na catedral destaca-se sobre o altar o crucifixo de madeira de 7 metros com Cristo. Sob a cruz encontramos o ícone de Maria, dado pelo Patriarca Maxim na dedicação do templo. Em ambos os lados do presbitério, há duas estátuas, o padroeiro da Catedral de São José e o patrono capuchinho São Francisco de Assis.

Rotunda de São Jorge
Também conhecida como Rotunda de São Jorge, a Igreja Cristã de São Jorge em Sofia foi originalmente construída pelos romanos durante o século 4, tornando-a um dos edifícios mais antigos da Bulgária. Hoje, a igreja atrai visitantes com seus frescos medievais, arquitetura variada e ruínas da era romana que a cercam.


Boulevard Vitosha
A avenida Vitosha é uma grande rua que leva da periférica Avenida Bulgária até o coração da cidade. Ao longo dos 2,5 km de comprimento há dezenas de lojas, desde lojas de marcas internacionais, sapatos e roupas da moda, até mesmo pequenas lojas que estão ali há milhares de anos.

Estação Serdika
Serdica é a área central de Sofia com muitas ruínas romanas antigas que foram descobertas aquando das escavações dos túneis de metro. Um local totalmente gratuito que o faz deambular entre a história e a modernidade.

Sveta Sofia
A estátua de Sofia é uma construção recente. Foi colocada no coração da cidade no ano de 2001. Está no cruzamento principal entre o centro comercial Tzum e o hotelSheraton, atrás da igreja Nedelja. É uma escultura de 24 metros de altura, feita com bronze e cobre. A estátua pesa mais de 4 toneladas e é uma criação do artista búlgaro Georgi Chapkanov e do arquiteto Stanislav Konstantinov, tem nas mãos os símbolos da fama e da sabedoria, e usa a coroa de Tjuhe, a deusa do destino. Santa Sofia é, obviamente, a santa padroeira da capital búlgara.

O Mercado da Mulheres
Quase junto à ponte dos Leões, perdida no meio dos bairros da cidade encontra-se o mercado das mulheres, um mercado que se realiza diariamente e onde muitos vendedores e agricultores se juntam para vender os melhores produtos búlgaros. Aqui podes encontrar iogurtes e queijos típicos búlgaros que chegaram diretamento dos campos para a cidade. Vale a pena provares. Frutas, legumes, conservas, pickles, frutos secos enchem as bancas de cores e aromas.

E o roteiro continua na parte 2.

A brilhante "Andorinha" do TEC

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No passado sábado assisti a uma das melhores peças de teatro de sempre com chancela do Teatro Experimental de Cascais. O novo auditório da Academia das Artes do Estoril ganha asas com a  “Andorinha”, a primeira peça a subir à cena após a morte do mestre Carlos Avilez.

Esta peça para dois atores da autoria do espanhol Guillem Clua, tradução de Miguel Graça e com uma encenação forte de Cucha Carvalheiro é levemente inspirada no massacre de 2016 de Orlando, onde morreram dezenas de pessoas numa discoteca LGBT vitimas da homofobia de um radical islâmico.

Amélia, brilhantemente interpretada por Luisa Cruz, é uma professora de canto e mãe de uma das vítimas do massacre.

Ramón, interpretado por José condessa, é um jovem que quer ter aulas de canto para cantar a música Andorinha num memorial em honra da sua falecida mãe.

A ligação destes personagens é muito maior do que os próprios julgam. Juntos vão descobrir o seu passado, as suas inquietações, os seus medos. Vão redescobrir as suas alegrias, as suas virtudes. Vão acabar com preconceitos, vão julgar e ser julgados e no fim vão voar tal como a Andorinha.

A história poderia apenas se resumir a este parágrafo não fosse a dissimulação e a mentira que faz com que aquilo que pensamos seja o errado, e que afinal tudo não é o que parece.

È uma obra inquietante e potente que nos vai esmorrando o estômago ao mesmo tempo que nos liberta de preconceitos.

Por fim não posso deixar de deixar uma palavra de apreço ao José condessa. Este rapaz que já tem dado muitas provas de qualidade quer na TV, na série Rabo de Peixe da Netflix e em muitas peças de Teatro, dá provas na andorinha tornando-se um dos melhores atores da sua geração. Condessa desventra-se em palco, morre, ressuscita, entrega-se, vive e respira este personagem.

No final, exausto e com olhar humilde agradece os aplausos que o chamaram por mais de 5 vezes a cena e pelas centenas de Bravo que ecoaram naquela pequena sala para tão gigantesco talento. Obrigado por esta interpretação! No seu instagram condessa diz que o mestre Carlos Avilez subiria com ele para o palco, eu julgo que sim!

O regresso de Ricardo III no comboio das 09h24

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Pedro Henrique é um empresário milionário que perdeu a família recentemente num trágico acidente de avião e que se encontra com uma doença em estado terminal.


Todas estas são premissas para um drama, só que não.

Com remorsos de anos de negligência familiar, decide passar um fim de semana na sua casa de campo com um grupo de actores e actrizes contratados para interpretarem os seus familiares desaparecidos numa tentativa de fazer as pazes com cada um deles.

Um ator que representa o seu filho e que quer na realidade quer na ficção está prestes a perder o pai.

Uma atriz, ou uma rapariga que pensa ser atriz que tenta representar uma filha naif.

Um amigo e sócio que é representado por um ator estudioso mas que não reflecte a arte que apregoa.

Uma atriz em fim de carreira, que representa uma irmã afastada.

A nora irritante que proibe Pedro Henrique de ver os seus netos, mas que na realidade desespera para voltar ao seu namorado.

E uma mulher, uma esposa, que refete os dramas interiores tal como a atriz que o interpreta.

No final, a ficção mistura se com a realidade.

Terá Pedro Henrique a doença terminal, será aquela casa de campo sua, terá a família desaparecido ou simplesmente terá sido ele a afastar-se?

São muitas questões que só podem ser respondidas por quem assistir a esta peça no Teatro Maria Matos em Lisboa.

Na minha humilde opinião um texto brilhante mas que a encenação de Ricardo Neves e Neves e a direcção de atores não soube aproveitar na sua totalidade.

Em alguns momentos falta ritmo. E a banda sonora quebra com o desenrolar da ação.

Vale-nos o Adriano Luz que demonstra o grande ator que é, o Rui Brás que além de representar o "Ricardo II" e dar um novo rumo à história, dá um ritmo certo e adequado à peça trazendo para a sala os risos e gargalhadas que demoraram a chegar e uma Susana Blazer que percebeu o seu papel e o agarrou com unhas e dentes.
Uma palavra a Jessica Athayde que conseguiu que os seus espirros não perturbassem demais a sua interpretação.

O Ricardo III regressa e traz com ele toda a Verdade.

 

Nomeado para os prestigiados prémios franceses Molière 2023 na categoria de melhor comédia, com texto de Gilles Dyrek. A versão portuguesa conta no elenco com Adriano Luz, Ana Nave, Jessica Athayde, Miguel Thiré, Sónia Aragão (que substituía nessa noite Raquel Tillo), Rui Melo, Samuel Alves e Susana Blazer.

Sonhos de uma noite de Verão

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Foi numa noite de Inverno que assisti a uma das melhores encenações portuguesas dos ultimos tempos: Sonho de uma noite de Verão.

A história clássica de Shakespeare já muitos conhecem, uma comédia de enganos com 3 histórias paralelas que se cruzam de forma magistral.

Teseu, Duque de Atenas, e Hipólita, Rainha das Amazonas, vão-se casar. Para animar a boda, Teseu lança um concurso de teatro, ao qual concorre um divertido grupo de artesãos, que vai para o bosque ensaiar a tragédia de Píramo e Tisbe.

Hérmia e Lisandro, dois jovens atenienses, estão apaixonados. Demétrio está apaixonado por Hérmia e conta com o apoio do pai dela, que ameaça pô-la num convento caso não queira casar. Helena, por seu lado, sofre, porque está apaixonada por Demétrio e o seu amor não é correspondido. Hérmia foge com Lisandro e Demétrio segue-os, sendo este seguido por Helena.

No bosque, Oberon, rei das fadas, quer recuperar o amor da sua rainha, Titânia, e pede a Puck que lhe arranje uma flor mágica, que ao ser esfregada nos olhos de alguém faz com que essa pessoa se apaixone pela primeira criatura que lhe surja à frente.

Estas são as 3 histórias que se cruzam, e o desenrolar das mesmas, mas a confusão e os enganos vão imperar nesta trama entre os jovens, os artesãos e as fadas que habitam o bosque mágico, numa inesquecível noite de Verão.

Mas a genialidade não se esgota na obra clássica, para mim a maior surpresa que faz com que todo o público aplauda de pé durante minutos é a encenação de Diogo Infante.

Diogo que além de excelente ator e de um diretor teatral que voltou a abrir as portas do Teatro da Trindade aos portugueses arriscou na sua encenação e decidiu adaptar esta peca com toques de modernidade e musica contemporânea portuguesa como José Cid, As doce ou até xutos e pontapés.

Que ousadia! Que ultraje! estarão os mais cépticos e retrógrados a pensar.
Pois na minha opinião é esta a forma de aproximar grandes clássicos do povo. Reinventando.

Quanto ao elenco que é composto por muitos atores e atrizes bem conhecidos da televisão vai na perfeição.

De todos, tenho que inaltecer o extraordinário trabalho do próprio Diogo Infante (nada a que não tivessemos habituados), Miguel Raposo como Oberon (para mim está a tornar-se no melhor ator desta geração) e a gigantesca revelação de Carlos Malvarez como Puck.

No final daquela noite de verão o sonho tornou-se realidade.